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27 de abril de 2010

A arte livre é a arte que liberta

E o dia 24 de abril de 2010, foi um dia muito importante não somente para os fãs como também para o grupo O Teatro Mágico. A trupe esteve fazendo uma participação na novela Viver a Vida, no horário nobre da Rede Globo. O grupo que defende a música livre através do movimento MPB – Música Para Baixar e se esquiva da mídia de massa fez questão de marcar presença no canal aberto, não pela mídia em si, mas pelo reconhecimento do trabalho da trupe que prega a arte livre. A banda também é conhecida pelo seu estreito relacionamento com os fãs e foi alvo de grandes críticas por parte destes ao fato; eu como fã da trupe os apoio inteiramente e acredito que a arte livre é a verdadeira arte que liberta, a arte que foi pregada pelo filósofo Arthur Schopenhauer, a arte que foi pintada nos quadros de Van Gogh, e escrita nas poesias de Manuel Bandeira. Arte livre que tem como único intuito expressar o sentimento e pensamento humano.
"O Teatro Mágico é a ideia de um sarau amplificado onde tudo pode acontecer", palavras do próprio Fernando Anitelli, idealizador e líder do grupo que disponibiliza todo o seu material (CD’s e DVD) gratuitamente na internet, tem uma rede social em seu próprio site onde além de os aproximar do publico, aproxima os fãs uns dos outros e formam uma grande família onde “a poesia prevalece” e o reconhecimento do grande público tem chegado.
Sem interesse e apenas amor pela arte O Teatro Mágico, que mistura poesia, música, circo, etc. vai escrevendo o seu nome na história artística brasileira.



Para conhecer mais sobre O Teatro Mágico clique aqui



Confira a trupe na novela Viver a Vida, da Rede Globo






Ábia Costa

Viver


E em quantas vidas
E em quantas lástimas
Vive o meu ser?

Na simplicidade do vento
No aconchego do abraço
No amor não vivido
Ali se encontra todos os meus sorrisos
E minhas lágrimas.
Ah, lágrimas...
Estas que molham meu travesseiro
A espera das mãos que irão lhes enxugar.

E vida?
Ah, vida...
Que foste meu sofrer e meu sorriso
E é nesses dois opostos
Que me encontro
E abraço meu destino...



Ábia Costa

24 de abril de 2010

Medo da Solidão, por Ábia Costa


Silvana era uma jovem qualquer, tinha tudo o que queria, e aparentemente era feliz. Tinha um bom emprego, era inteligente, bonita, independente, sempre tinha um sorriso meigo em seu rosto, era conhecida por seus amigos como “anjo”, sempre gostava de ter gente por perto, rir, entre outras coisas.
Gostava de passear e amava seus amigos, sabia que cada um deles era um presente peculiar para sua vida, era intensa, amava na mesma proporção que odiava, contudo, não gostava de guardar mágoas, para ela isso era o mesmo que veneno.

Sabia que a felicidade dependia só dela, e que ela tinha que vencer seus medos.
Ah! Medos... e ela conhecia muito bem o que era isso, ela tinha um medo na vida, e esse medo a tornava refém de sentimentos destrutivos, o medo da solidão, ela preferia se humilhar, sofrer do que perder um amigo, isso não a fazia bem.

Uma vez há anos atrás, ela estava no pátio da escola em que era professora e estimava muito um amigo, que por uma grande bobagem houve uma briga entre os dois, o então amigo a humilhou na hora do intervalo diante de todos aqueles adolescentes ávidos por confusão, eles começaram a encará-la de modo estranho, pois sabiam que mesmo depois do tumulto, Silvana pediu para que ele não a deixasse e continuasse sendo seu amigo.

Quando começou um namoro então tudo piorou. Silvana passou a ser r
efém do ciúme que ela tinha de conter, “eu tenho medo de perdê-lo” pensava ela sozinha em noites escuras e sombrias em seu quarto, mesmo quando houve rumores de traição por parte dele, ela se calou, “não quero estragar as coisas” dizia ela consigo mesma, mas as coisas não estavam tomando o rumo esperado.
Ela passava noites em claro esperando um telefonema dele, ficava horas o esperando para dar-lhe uma explicação, mas nada disso acontecia.

Certa noite, Silvana resolveu ligar, mas ele não atendia começou a ficar preocupada com aquilo, sabia que não era do feitio do rapaz não atender-lhe, ligou outra vez e nada, até adormecer, no outro dia o namorado ligou de outro número e lhe disse que estava na rua de madrugada e foi assaltado, os assaltantes levaram seu celular a única coisa que tinha no momento, Silvana que estava preocupada, perguntou-lhe o que ele fazia de
madrugada na rua,o que ouviu foi uma série de insultos e coisas desagradáveis: - Eu não tenho que dizer à você- berrou o rapaz do outro lado da linha. Silvana se sentiu um estorvo naquela vida, desligou o telefone aos soluços, chorou tudo que estava preso em sua garganta “eu o amo tanto” pensou consigo mesma, mas será que era mesmo amor, ou toda essa dependência emocional partia daquele medo que gritava dentro de seu peito?
Ela preferia se renunciar a ficar sem ele, “solidão” pensava “você não vai me pegar”, mas o que ela não percebia é que mesmo namorando se sentia mais só do que nunca.

Tentava conversar sobre seus sentimentos com alguém, mas os amigos que ela tanto amava e ajudava estavam cansados de ouvir as mesmas histórias, isso a machucava.

Ela estava presa ao seu medo que estava beirando o desespero.

Um dia veio a resposta de suas dúvidas e ele confessou que realmente a traí-la, e a moça com quem ele mantinha um relacionamento paralelo ao seu estava agora grávida, milhares de pensamentos invadiram-lhe a mente “o que foi que eu fiz de errado?” “será que sou tão ruim assim, que ele teve que ter mais uma para estar ao seu lado?” pensava em seu silêncio, sentiu uma onda de temor lhe invadir “vou ficar sozinha”.

Seus monstros a atormentavam, suas lágrimas a sufocavam, o seu maior medo lhe sobreviera, estava sozinha.

Começou então uma luta sem trégua, dia após dia, tentava suprimir seu medo, sua angústia, sua dor, pensava a cada instante em suicídio, preferia a morte do que aquilo, estava submersa em seu sofrimento, cega para ver uma solução, seus amigos a quem dava tanto apoio, agora não estavam lá na calada da noite para socorre-la, era bem pior do que imaginava.

Então no limite de seu silêncio não suportando mais, fez algo que ninguém podia esperar, o “anjo”, como era conhecida, não suportou, foi encontrada sem vida em sua cama numa manhã fria, ao seu lado os comprimidos que a ajudaram em seu sofrimento, agora estava tudo terminado e tudo o que queria era ficar em paz.

E agora ela não estava mais sozinha... mas onde será que estava? Teria valido a pena? Perguntas sem respostas, que irão para sempre perseguir aqueles que a deixaram sozinha, quando ela mais precisou de alguém.




Ábia Costa

Não te amo, Almeida Garret



Não te amo, quero-te: o amor vem d'alma.
E eu n'alma - tenho a calma,
A calma - do jazigo.
Ai! não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida - nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai! não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau, feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.

19 de abril de 2010

Noite na Taverna, Álvares de Azevedo


Quem me conhece sabe que eu tenho uma certa paixão por Álvares de Azevedo, amo todos os seus escritos e sua triste história. Álvares nasceu em São Paulo em 1831, e fez parte da 2ª geração do romantismo, ultra-romântica, também conhecida como byroniana (por serem leitores ávidos do poeta inglês Lord Byron). Cursou direito na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, não concluiu o curso, pois foi acometido de uma tuberculose pulmonar nas férias de 1851-52, a qual foi agravada por um tumor na fossa ilíaca, ocasionado por uma queda de cavalo, falecendo no dia 25 de abril de 1852, aos 20 anos, deixando um vasto legado de poesias, contos e até mesmo ensaios de direito.
Em 1855, é publicado então Noite na Taverna, um livro que contém sete contos interligados entre si.
Cinco amigos (Solfieri, Bertram, Gennaro, Claudios Hermann e Johann) se reúnem em uma taverna para beber e conversar, em uma cidade qualquer, cada um conta sua história aos demais, histórias ultra-românticas.
Álvares se mostra não somente um ultra-romântico nesta obra como também um crítico ao próprio ultra-romantismo, o livro repleto de amor, morte, mulheres, fantasmas, aventureiros, sem contar com necrofilia e antropofagia, nos mostrando os extremos que os ultra-românticos viviam - Hermann, chegou a sequestrar a mulher amada e tentar obrigá-la a amá-lo.
Um universo rico, cheio de um amor extremado e uma carga emocional forte, no último conto ele reúne toda sua genialidade como autor e conta um desfecho imprevísivel para a história.
Noite na Taverna é um livro com um texto bem trabalhado e cheio de emoções. Álvares de Azevedo mostrou que não apenas sabia escrever poesias como também sabia passear por outros estilos literários, vale a pena ser lido.

17 de abril de 2010

Cartas a um jovem poeta, Rilke


Há algum tempo atrás conheci um professor de literatura do Paraná e após longas conversas via e-mail, ele me recomendou o livro “Cartas a um jovem poeta” de Rainer Maria Rilke (1875-1926) poeta austríaco. Ao abrir o livro já nas primeiras páginas, tive a sensação de que Rilke escrevia aquelas palavras para mim e não para Franz Kappur, verdadeiro destinatário das cartas. Uma emoção diferente percorreu por mim, afinal Rilke escreve sobre coisas simples da vida, como solidão, casamento, amor, etc., mas com uma riqueza poética sem precedentes. Ele vai aconselhando Kappus como um mestre mostra o caminho para seu discípulo. O livro foi publicado em 1929, pelo jovem Kappus que se correspondeu com Rilke entre 1903 e 1908, nas cartas podemos conhecer a essência do poeta, seus pensamentos, suas considerações e seus conselhos ponderados fazem deste livro uma obrar inesquecível, tanto para os fãs de Rilke como para os que estão tendo seu primeiro contato com seus escritos. Este livro me mostrou o lado bom da vida. Uma essência doce com requinte de autoridade de quem sabe o que está falando, no caso de Rilke. Sinto que nunca mais serei a mesma após esta leitura. Enfim, “Cartas a um jovem poeta” é um livro que vale a pena, não somente ser lido, como também ser relido várias vezes.

“Acredito que aquele amor permanece tão forte e intenso em suas lembranças por que foi sua primeira solidão profunda, o primeiro trabalho íntimo com o que o senhor elaborou sua vida” Rainer Maria Rilke

16 de abril de 2010

A um livro (Florbela Espanca)


No silêncio de cinzas do meu Ser

Agita-se uma sombra de cipreste,
Sombra roubada ao livro que ando a ler,

A esse livro de mágoas que me deste.
Estranho livro aquele que escreveste,

Artista da saudade e do sofrer!
Estranho livro aquele em que puseste
Tudo o que eu sinto, sem poder dizer!

Leio-o, e folheio, assim, toda a minha alma!
O livro que me deste é meu, e salma
As orações que choro e rio e canto! ...

Poeta igual a mim, ai que me dera

Dizer o que tu dizes! ... Quem soubera

Velar a minha Dor desse teu manto! ...


14 de abril de 2010

24 horas de Teatro...ufa

A felicidade pertence aos que se bastam a si próprios


Cada um deve ser e proporcionar a si mesmo o melhor e o máximo. Quanto mais for assim e, por conseguinte, mais encontrar em si mesmo as fontes dos seus deleites, tanto mais será feliz. Com o maior dos acertos, diz Aristóteles: A felicidade pertence aos que se bastam a si próprios. Pois todas as fontes externas de felicidade e deleite são, segundo a sua natureza, extremamente inseguras, precárias, passageiras e submetidas ao acaso; podem, portanto, estancar com facilidade, mesmo sob as mais favoráveis circunstâncias; isso é inevitável, visto que não podem estar sempre à mão.

Na velhice, então, quase todos se esgotam necessariamente, pois abandonam-nos o amor, o gracejo, o prazer das viagens, o prazer da equitação e a propensão para a sociedade. Até os amigos e parentes nos são levados pela morte. É quando, mais do que nunca, importa saber o que alguém tem em si mesmo. Pois isso se conservará por mais tempo. Mas também em cada idade isso é e permanece a única fonte genuína e duradoura da felicidade. Em qualquer parte do mundo, não há muito a buscar: a miséria e a dor preenchem-no, e aqueles que lhes escaparam são espreitados em todos os cantos pelo tédio. Além do mais, via de regra, impera no mundo a malvadez, e a insensatez fala mais alto. O destino é cruel e os homens são deploráveis. Num mundo com tal índole, aquele que tem muito em si mesmo assemelha-se ao iluminado recanto de Natal, aquecido e aprazível no meio da neve e do gelo da noite de dezembro. Por conseguinte, ter uma individualidade meritória e rica e, em especial, muita inteligência, é sem dúvida a sorte mais feliz sobre a terra, por mais diversa que possa ser da sorte mais brilhante.

Arthur Schopenhauer, em 'Aforismos para a Sabedoria de Vida'



P.S: Post especial para Rose, minha fiel leitora *-*


13 de abril de 2010

E então...



"Hoje vi um sorriso no rosto de uma criança, isso bastou para transformar meu dia de densa escuridão em pura alegria."




Ábia Costa(10/04/10)

12 de abril de 2010

Budapeste, Chico Buarque




O livro “Budapeste” de Chico Buarque mostra muitos aspectos de um homem que vive segundo seus impulsos, seu personagem José Costa (Zsozé Kósta, em húngaro) é um ghost-writer - um tipo de escritor que escreve para que outros assinem como artigos de jornal, discursos de autoridades, etc. - que tem sua empresa especializada em fornecer tais textos aos clientes, casado com Vanda, uma famosa jornalista, com quem teve um filho num momento que estava despojado de amor próprio. Entre crises em seu casamento faz uma viagem para um congresso de ghost-writer em Istambul, mas por causa de alguns contratempos acaba em Budapeste, gostou tanto da cidade que resolveu voltar é onde então conhece Kriska, com quem logo começa a se relacionar, porém volta ao Rio de Janeiro, onde procura por Vanda que está feliz com seu novo emprego num telejornal. José Costa é um homem impulsivo que perde o rumo da vida, e se encontra dividido entre o amor de duas mulheres, entre duas nações distintas, entre duas línguas diferentes. Chico trabalha com um interessante jogo no tempo e na mente, onde presente e futuro se confundem e devaneios e realidade se misturam, com um requinte que só o autor possui, brinca com a língua húngara e portuguesa.

Algo que me chamou muito a atenção é a essência do personagem José Costa, que sem saber ao certo o que deseja do futuro, acaba jogando fora tudo o que possui no presente.

Budapeste foi o quarto livro escrito pelo cantor, compositor, poeta, contista e romancista Chico Buarque de Holanda.

Em 2009, Budapeste chega aos cinemas pelas mãos de Walter Carvalho, traz em seu elenco atores como Giovanna Antonelli, Leonardo Medeiros e a húngara Gabriela Hámori, com locações no Rio e em Budapeste.


Confira o trailer do filme:



10 de abril de 2010

Enquanto isso...


"Em momentos de desespero nos deparamos com a simplicidade da vida, nos levando à - quem sabe - uma tola esperança de felicidade"


Ábia Costa

9 de abril de 2010

Antônio Tavernard, expressão da literatura paraense

E para brindar a semana do II Jirau da Literatura Paraense quero homenagear um dos maiores poetas que Belém do Pará já conheceu e de quem sou grande fã: Antônio Tavernard, nasceu em Vila São João de Pinheiro, atual Icoaraci-Belém-Pará (1908-1936),poeta, cronista, romancista e contista, sua obra foi marcada pelo sofrimento que a hanseníase lhe causou durante boa parte de sua vida. A poesia de Tavernard caracterizou-se por várias escolas literárias, indo do barroco ao modernismo, passando pelo romantismo e simbolismo. Tavernard tem, ao todo, três livros, dois deles publicados após a sua morte. Foi um dos redatores da revista “A Semana” que circulou em Belém na década de 1930. Faleceu vítima da hanseníase, incurável nos tempos do poeta



SONHOS DE SOL

“Nesta manhã tão clara é sacrilégio
o se pensar na morte. No entanto
é no que penso úmidos de pranto
os meus olhos cansados.

Sortilégio
de luz pela cidade... As casas todas,
humildes e branquinhas
lembram gráceis e tímidas mocinhas
no dia de suas bodas.

Morrer assim numa manhã tão linda,
risonha, rosicler,
não é morrer... é adormecer ainda
na doce tepidez de um seio de mulher!
Não é morrer... é só fechar os olhos
Para melhor sentir o cheiro do jasmim
Escondido da renda nos refolhos!...
Ah! Quem me dera que eu morresse assim"

8 de abril de 2010

II Jirau da Literatura Paraense


Em seu segundo ano consecutivo, o JIRAU DA LITERATURA PARAENSE festeja a arte literária em seus mais diversos aspectos e vertentes, valorizando a obra do escritor local. O Jirau tem por objetivo fomentar, divulgar e valorizar o trabalho literário dos escritores paraenses. Neste ano o evento acontece no Sesc Boulevard

Esta é uma iniciativa do Governo do Estado do Pará, realizada através da Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves, o II Jirau da Literatura Paraense foi idealizado pela Associação de Escritores da Amazônia (UEAMA) que lançaram a idéia de um encontro de valorização de escritores paraenses e intercâmbio de suas obras.

Neste ano, o Jirau acontecerá no Sesc Boulevard e terá como programação palestras, venda de livros, cinema com obras de autores paraenses, culinária ao vivo, shows lítero-musicais, conversa com o escritor, praça de alimentação e muita conversa sobre literatura.


Serviço:
II Jirau Literário Paraense
Período de realização: 07 a 10 de abril de 2010
Horário: das 10h00 as 21h00
Local: SESC Boullevard


Fonte: Fundação Curro Velho e Casa da Linguagem

Esboços órficos, por Fernando Gebra

No absinto que percorre minhas entranhas, uma voz de criança chora a ausência daquele que partiu. Nuvens imitam desejos despedaçados por um dia haver estado em harmonia com os mais desequilibrados perfumes que invadem minhas pálpebras e deixam minha vista ofuscada na névoa embriagada. Os ventos que bramem em África trazem ao cais de Lisboa areias dos esconderijos mais secretos que o tempo não pode mais esquecer.
Formas fluidas em caminhos lambem as labaredas de um fogo que transmuta sensações múltiplas em esboços fragmentados de bipartições em toques de cidra. E as dunas de meus prantos escorrem fios de rubras etiquetas na mais perene natureza que clama o desconhecido, mas que transborda o vinho das taças onde era destinado o revelar daquele homem tão esperado e tão múltiplo como o próprio horizonte arroxeado de prantos e indecisões cósmicas.
Bato nos portais que se emperram na difícil tarefa de fazer com que eu ame os novelos cobertos de poeiras vindas do macadame que encobre as ruas de Lisboa. Os sapatos formam uma massa angular com toques de ruínas a percorrerem o interior do mágico universo, em místicas ascensões iniciáticas. Os carneiros são sacrificados para a festa das bodas de alguém que procura encontrar-se no crepúsculo dos dias e dos tempos.
Portas d`oiro ante meus ais, abri ao penetrar dessa natureza que busca sentir o perigo das sementes depositadas no vaso de barro que encobre o fecundar de um novo ser. Choros e mágoas se remexem nesta casa assobradada com varandas em forma decorada, ao estilo art noveau das espumas em góticas saliências. Uma sala enorme, com lustre magistral no centro, almofadas tecidas em fios d`oiro e tapete com desenho de leões domados pelos cavaleiros medievais, onde a força se rende ao som das elegantes tapeçarias vindas de além-mar.
Avisto a varanda que se forma com aberturas na escadaria que tento percorrer. Se me permitem, quero ver onde se encontra o retrado dele, daquele homem que se propagou pelas letras lusitanas a doirar em múltiplos elementos a natureza alquímica do universo. O choro se propaga e o lustre do canto da sala quer cheirar minha dor de saber que busco este encanto e não o encontro em parte alguma.
Paredes aveludadas se dispõem em figuras celestiais a bramirem os desejos outrora esquecidos. Subo as escadarias e chego a uma porta entreaberta. Peço permissão para adentrar-me aos aposentos, e sei que é de lá que o choro se propaga. Minhas pálpebras cansadas querem fixar-se em algum ponto para não ver aquela menina que chora com um álbum de fotografias nas mãos. Toda disforme e defeituosa, a menina interrompe seu choro e parece tentar esconder seu objeto da busca do prazer. Peço-lhe em joelhos que me mostre o que oculta há tanto tempo de meus olhos já fatigados com neblinas dianteiras. Ela reluta em dar-me o álbum.
Uma mulher alta e gorda, decerto a governanta da casa diz-me que Abiegna tem dor por haver perdido tudo ao deixar a montanha e se estilhaçar ao solo, Mas a menina Abiegna não quer me deixar entrever meu passado, É porque ela sofre duras penas desde que abandonou o centro do universo, Mas este centro tem origem em minha dor, Se sofres ou não, pouco sei, o fato é que Abiegna não pode ser contrariada pois chora, E eu, o que tenho feito até hoje senão chorar? Não sei mais quem eu sou, já consultei oráculos e Delfos adiantou que devo conhecer a mim mesmo, e é isso o que mais busco, Mas o que queres que Abiegna te faça se não a vês há muito tempo?, Quero senti-la como nunca a senti nos fragmentos de minh`alma enlouquecida.
A governanta, toda angelical no seu modo de sentir as barreiras que impedem Abiegna de ensinar-me o caminho certo, pede à menina que me deixe ver o álbum. Abiegna olha para o fundo de meus olhos e sorri de forma outrora conhecida nos fragmentos de meu ser. Por que Abiegna caiu da montanha, Não posso te dizer agora, tens de sentir mais as auroras que se abrem a ti. O álbum me é dado e abro suas páginas como se estivesse a ler o livro de minha existência perdida. Uma lágrima cai de meu rosto. O terror invade minh`alma dolorida. Vejo fotografias de um menino com uniforme de marinheiro, fotografias de revistas publicadas, fotografias de flagrantes delitros, fotografias de horóscopos, fotografias de poentes, fotografias de dores, fotografias de caleidoscópios que emanam em meu corpo como se quisessem arrastar-me para dentro do álbum. Não agüento mais saber que estou aqui e sou toda parte de desejos enlouquecidos.
Tardei a crer que posso, mas não consigo sair das escuras cavernas que invadem meu peito, e que perpetuam minha dor nas infinitas brumas do meu sonho de príncipe que encontra a princesa na existência ao mesmo tempo una e múltipla, das chuvas que separam meu porto dos limites de árvores em horizontalidade vertical, dos longos caminhos iniciáticos onde minhas vestes são retiradas e postas no chão, onde durmo sob ciprestres, ou ainda do monte que não consigo escalar, tudo se rompe em cristais do copo de vinho que corta minha mão e mistura sangue escorrido com sangue adentrado.
Outro aposento escuro invade meu pensamento como rios subterrâneos. E a dura realidade se estampa em forma de dossel encantado, onde deposito toda minha fadiga de me sentir em essência. Quando começo a despir-me, vejo uma figura que me abraça pôr trás, sinto o deslizar de suas mãos pelo meu corpo, são mãos aveludadas com cheiro de papéis e tinta que ao deslizarem sobre o papel tingem as colorações do mais perfeito verso. As mãos circulam em rituais pelo meu corpo, tento olhar a figura que me faz sonhar em delírios tão adormecidos, mas não creio que me esteja a ver, nem eu a vejo, como que poderá me ver. Mas me sente, me toca, me sufoca em carinhos pré-destinados. Leva-me a cama, mas não vejo seu rosto.
No outro aposento está Abiegna e a governanta. O que preciso para me conhecer?, pergunta a menina, Precisas saber encontrar-te diante de tantos fios que se separaram do novelo que eu tecia. Vou-te contar a verdade, não foste concebida como todos os seres, foste criada, foste imaginada, porém não sentida, Não te estou a entender, Miss Dorah, Mas sabes o que há naqueles aposentos perto dos teus? Lá estão duas pessoas feitas do mesmo barro, com o mesmo corpo a se tocarem, a se sonharem, a se beijarem, a se penetrarem .... Tudo é uno e múltiplo, o Mestre dizia isso, não te lembras? São dois homens que se tocam, que se sonha, que se beijam, que se penetram para saber que são unos e múltiplos, argila do mesmo barro, porque aquele cavalheiro que te pediste as fotos não está praticando sodomia... Está a descobrir-se a si mesmo, parte de um todo disforme, tão disforme como tuas pernas, minha menina. Eles são matéria da mesma matéria, alma da mesma alma como o poeta da foto aprisionado que se multiplicou para ser parte de um todo e libertou o cavaleiro da sua cavalgada de mágoas. E quem é o cavaleiro? E o homem que se possui com ele e a ele? Queres mesmo que te diga, pois te digo que ele e o próprio-outro são também teus desejos, minha rica, teus mais puros desejos....


Fernando Gebra

7 de abril de 2010

Ana e o Mar - O Teatro Mágico




Veio de manhã molhar os pés na primeira onda

Abriu os braços devagar e se entregou ao vento
O sol veio avisar que de noite ele seria a lua,
Pra poder iluminar Ana, o céu e o mar

Sol e vento, dia de casamento
Vento e sol, luz apagada no farol
Sol e chuva, casamento de viúva
Chuva e sol, casamento de espanhol

Ana aproveitava os carinhos do mundo
Os quatro elementos de tudo
Deitada diante do mar
Que apaixonado entregava as conchas mais belas
Tesouros de barcos e velas
Que o tempo não deixou voltar

Onde já se viu o mar apaixonado por uma menina?
Quem já conseguiu dominar o amor?
Por que é que o mar não se apaixona por uma lagoa?
Porque a gente nunca sabe de quem vai gostar

Ana e o mar... mar e Ana
Histórias que nos contam na cama
Antes da gente dormir

Ana e o mar... mar e Ana
Todo sopro que apaga uma chama
Reacende o que for pra ficar

Quando Ana entra n'água
O sorriso do mar drugada se estende pro resto do mundo
Abençoando ondas cada vez mais altas
Barcos com suas rotas e as conchas que vem avisar
Desse novo amor... Ana e o mar

Ana e o mar... mar e Ana
Histórias que nos contam na cama
Antes da gente dormir

Ana e o mar... mar e Ana
Todo sopro que apaga uma chama
Reacende o que for pra ficar

4 de abril de 2010

Palavra de Grande Inquisidor, por Rubem Alves


“De tudo o que Dostoievski escreveu em Os Irmãos Karamazov o que mais me impressionou foi o incidente do “Grande Inquisidor”. É assim: Jesus havia voltado à terra e andava incógnito entre as pessoas Todos o reconheciam e sentiam o seu poder, mas ninguém se atrevia a pronunciar o seu nome. Não era necessário. De longe o Grande Inquisidor o observa no meio da multidão e ordena que ele seja preso e trazido à sua presença.. Então, diante do prisioneiro silencioso, ele profere a sua acusação.
“Não há nada mais sedutor aos olhos dos homens do que a liberdade de consciência, mas também não há nada mais terrível. Em lugar de pacificar a consciência humana, de uma vez por todas, mediante sólidos princípios, Tu lhe ofereceste o que há de mais estranho, de mais enigmático, de mais indeterminado, tudo o que ultrapassava as forças humanas: a liberdade. Agiste, pois, como se não amasses os homens... Em vez de Te apoderares da liberdade humana, Tu a multiplicaste, e assim fazendo, envenenaste com tormentos a vida do homem, para toda a eternidade...”
O Grande Inquisidor estava certo.Ele conhecia o coração dos homens. Os homens dizem amar a liberdade, mas, de posse dela, são tomados por um grande medo e fogem para abrigos seguros. A liberdade dá medo. Os homens são pássaros que amam o vôo, mas têm medo dos abismos. Por isso abandonam o vôo e se trancam em gaiolas.”

“Somos assim:sonhamos o vôo mas tememos a altura . Para voar é preciso ter coragem para enfrentar o terror do vazio. Porque é só no vazio que o vôo acontece. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Mas é isso o que tememos: o não ter certezas. Por isso trocamos o vôo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde onde as certezas moram.
É um engano pensar que os homens seriam livres se pudessem, que eles não são livres porque um estranho os engaiolou, que eles voariam se as portas estivessem abertas. A verdade é oposto. Não há carcereiros. Os homens preferem as gaiolas aos vôos. São eles mesmos que constroem as gaiolas em que se aprisionam...”

“Deus dá a nostalgia pelo vôo.
As religiões constroem gaiolas”

“Os hereges são aqueles que odeiam as gaiolas e abrem as suas portas para que o Pássaro Encantado voe livre. Esse pecado, abrir as portas das gaiolas para que o Pássaro voe livre, não tem perdão. O seu destino é a fogueira. Palavra do Grande Inquisidor”

Rubem Alves
Correio Popular
22/05/05

3 de abril de 2010

Solidão, por Ábia Costa


Solidão, pelo dicionário Aurélio, significa “estado do que se encontra ou vive só, isolamento”, há também a solidão a dois que nada mais é do que o “estado de que duas pessoas embora vivam juntas, se sentem só por falta de entendimento ou comunicação de ambas ou de uma só parte”.

Eu acrescento mais um tipo de solidão: a solidão em que você, mesmo vivendo em um grupo social, de amigos, familiares, etc. ainda a sente.

Mas será que a solidão é tão ruim assim, que todos temos medo dela?

Quem nunca sentiu medo de não se casar e envelhecer sozinho?

Quem no momento de desespero queria estar com alguém?

Quero mostrar a você o lado negativo e o lado positivo da solidão – acredite, ele existe. Sei que é difícil ver algo positivo quando se está em seu quarto vazio na madrugada, querendo alguém para se trocar algumas palavras, não encontrando fica falando a si mesmo que um dia essa solidão vai acabar, mas também existem horas que tudo o que você quer é estar sozinho, vivendo o que você sempre sonhou sem a interferência de alguém.

A solidão é repleta de uma beleza que muitas vezes nos hipnotiza e ao mesmo tempo nos faz sofrer, convido você a comigo percorrer entre o fascínio e o temor que a solidão nos traz.



Encontrando a nós mesmos


Viver é nosso maior desafio, no presente século, onde todos estão querendo ser o melhor, ser reconhecido por seus feitos; as pessoas hoje em dia vivem mais para si mesmo do que para qualquer outra coisa, vivem numa correria frenética, tentando ser mais rápidas que o tempo, sempre buscando realizações pessoais, esquecem de sentar a beira do mar para ouvir o som de suas ondas, de sentarem para conversar, ate mesmo de abraçar.

Durante muito tempo vivi uma busca frenética por amigos, na verdade o que eu queria era desesperadamente fugir da solidão, mas ela continuava sendo a minha fiel companheira, podia rir com meus amigos, mas ela não ia embora, era persistente demais para eu resistir a ela.

Um dia uma amiga me disse uma frase que mudou a minha vida e a minha opinião sobre a solidão: “A conversa enriquece o conhecimento, mas a solidão é a escola do sábio”, não sei quem disse essa frase ou a escreveu só sei que desde que ela a citou para mim, vivo ela cada dia, assim eu consigo viver em paz com a solidão.

Comecei a refletir sobre se o que ela dizia era a verdade.

É na solidão que encontramos o nosso “eu”, é ela que nos ensina a dar mais atenção a nós mesmos, a escutar as nossas vozes interiores, e o principal é ela quem nos ajuda nas decisões difíceis que temos que enfrentar na caminhada de nossa vida.

A busca pelo nosso “eu”, pelo quem nós somos de verdade, começa com a solidão, discorre com ela e termina nela.

Quando eu descobri isso, vi que a solidão, não era a raiz do male da depressão e sim uma ajuda para sair dela.



Ábia Costa

2 de abril de 2010

A caminhada, por Ábia Costa

Todo caminho que trilhamos, logicamente tem um começo e um fim, mas esse não é o grande problema, o problema é o caminho, nem sempre sabemos lidar com coisas que parecem ser maiores do que nós mesmos e muitas vezes não o é, apenas estamos condicionados a acreditar que aquilo que foge de nosso controle é destrutivo para nós, ou seja, se não podemos controlar, então é impossível de se vencer, isso é o que dizemos para nós mesmos e muitas vezes desistimos antes de lutar. Também não acho que lutar quer dizer destruir o inimigo, sou adepta da frase “Se você não pode contra seu inimigo, junte-se a ele”, o “inimigo”, muitas vezes é bem melhor como aliado.
Dependendo de como você vê a vida, a solidão pode ser inimiga, ou amiga, acredite, ela pode ser uma companheira indispensável, e também estar sozinho nem sempre significa solidão, assim como também estar rodeado de pessoas significa a falta dela, nós seres humanos somos muito relativos.
Quando começamos qualquer caminhada, sempre pensamos no seu final, de como vai ser esplendorosa a vitória, mas muitas vezes nem chegamos ao final, porque cansamos de tropeçar nas pedras do caminho. Quando estamos sozinhos, temos mais forças para continuar e eu afirmo isso por experiência própria.
Rubem Alves faz uma citação interessante em um de seus livros “As pessoas trocam suas vozes silenciosas, pelo falatório vulgar”, eu concordo plenamente, pois muitas vezes perdemos a oportunidade de conhecermos o nosso “eu”, porque queremos ficar no meio de muita gente, mas, como afirmei antes, isso não significa a falta de solidão.
Durante esse poucos anos da minha vida descobri que me sinto bem melhor na solidão do que sem ela, pois todas as vezes que tentei arranca-la da minha vida foi um desastre, eu sou a favor da boa solidão, se aprendermos a lidar com ela no mundo em que vivemos hoje, encontraremos pelo menos um fragmento de felicidade, porque a felicidade é um conjunto de fatores, mas não vou entrar neste assunto, vim aqui para falar da minha amiga solidão.


Ábia Costa

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