Não sou uma profunda
conhecedora de artes, apenas uma grande apreciadora da mesma, sou intensamente
apaixonada por arte de forma geral, em especial a cinematográfica, meu caso de
amor com a 7ª arte vem de longo tempo, mas se intensificou após minha entrada
na faculdade e a oportunidade de trabalhar em um projeto dentro dela que envolvia
o ensino da linguagem através do cinema.
Gosto de me entregar à
experiência estética, assim como para Schopenhauer, para mim ela tem efeito
libertador e de profunda satisfação, quem já teve algum tipo de experiência
estética, sabe muito bem do que estou falando (não tenho a pretensão discutir aqui o que é uma experiência estética).
Confesso que estava
evitando assistir A árvore da vida, não por falta de vontade, mas por medo de
que com tantas expectativas criadas em torno do filme de Terrence Malick, eu me
decepcionasse e não fosse realmente tudo o que eu esperava, já tive algumas
experiências semelhantes.
No dia em que realmente
resolvi assistir, um dos críticos de cinema de Belém, membro da ACCPA
(Associação de Críticos de Cinema do Pará) disse antes de começar a sessão que
não devíamos intelectualizar o filme, mas que primeiramente deveríamos nos entregar
às sensações que este nos proporcionaria; fiquei intrigada, e também depois que
comecei a trabalhar com análise de filmes dentro da universidade é muito
difícil eu conseguir assistir um filme sem analisá-lo, mas eu realmente tentei
desligar o intelecto e deixar fluir apenas as emoções. O resultado foi algo
extraordinário.
Fazia muito tempo em
que eu não obtinha uma experiência estética tão intensa, me senti em um plano
superior, quase transcendente (isso não significa que eu acredite em transcendência,
apenas me entreguei a uma sensação puramente emocional), sei que se eu fosse
religiosa a experiência teria sido ainda mais intensa.
Malick é ousado, como
em todos os seus filmes, é um diretor perfeccionista, refinado e anti-social,
ele não permite imprensa em seu set, raramente concede entrevistas, e em 30
anos de carreira produziu somente seis filmes, e todos considerados obras
primas pela crítica, podemos assim ter uma ideia do nível do diretor.
Em A árvore da vida não
podia ser diferente, Malick nos faz mergulhar no universo e não apenas cientifico,
mostrando o big ben e o mundo povoado por dinossauros, mas também nos mostra o
universo das relações entre pai e filho, essa relação que ao mesmo tempo é tão
amorosa e conflituosa, nos mostra a dor da perda de um filho e das relações
complicadas que podem existir em uma família. Além disso, também mostra a
relação do homem para com deus (que, segundo os religiosos, também é uma
relação entre pai e filho), esta relação é cheia de questionamentos, e ainda
assim de resignação perante a autoridade paterna, bem como refúgio para a dor.
As cenas do universo
sendo formado com uma trilha sonora impecável, de alguma forma me fizeram
lembrar 2001, uma odisséia no espaço de Kubrick, a sensação de magnitude, nos
faz mergulhar em sensações únicas nos levando a uma experiência estética
singular.
Contando com atores renomados como Brad Pitt e Sean Penn, A árvore da vida é um dos
indicados ao Oscar deste ano, em categorias como Melhor Filmes, Melhor Diretor
e Melhor Fotografia. Espero que a academia este ano, deixe as políticas de
interesse de lado e premie quem realmente merece.
Se você ainda não
assistiu A árvore da vida, assista e se entregue a esse delicioso prazer
estético que o filme é capaz de nos proporcionar
Ábia Costa
1 comentários:
Definitivamente, este não é mesmo um filme para ser analisado criticamente, a priori, tem que ser sentido, o que não é difícil de se fazer. A facilidade da linguagem através das imagens juntamente com a música, importantíssima para esse filme, deixa o espectador ser "levado" por todo o filme. Há a ausência de muitos diálogos ou mesmo diálogos difíceis, entretanto, posteriormente você é levado à pensar sobre o filme, não no primeiro momento, mas por ser um filme que após algum tempo ele te leva a pensar, ele exige isso de você, o seu entendimento, vai depender inteiramente do modo como você o "sentiu" da primeira vez que o viu. Não conseguimos definir universalmente o que seria perfeição, mas certamente, esse filme nos traz um conjunto que consegue fazer-nos vislumbrar o que seria algo perfeito, dentro da sétima arte ou até mesmo fora dela. Eu definiria "A Árvore da Vida" como poesia pura através de imagens, fotografias e música. Vale muito a pena, não apenas vê-lo, mas ter essa experiência.
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