(Simão)* Perguntou por Mariana (...) Veio João da Cruz, e a chorar se lastimou de perder a filha, porque a via delirante a falar em forca e a pedir que a matassem primeiro. Agudíssima foi a dor do acadêmico (Simão)* ao compreender, como se instantaneamente lhe figurasse a verdade, que Mariana o amava ao extremo de morrer. Por um momento lhe esvaiu do coração a imagem de Teresa, se é possível. Assim Pensa-lo, vê-la-ia porventura como um anjo redimido em serena contemplação do seu criador, e veria Mariana como o símbolo da tortura, morrer a pedaços, sem instantes remunerados que lhe dessem a glória desse martírio. Uma, morreria amada; outra agonizando, sem ter ouvido a palavra “amor” dos lábios que escassamente balbuciavam frias palavras de gratidão.
Trecho do Livro “Amor de Perdição” de Camilo Castelo Branco,
(capítulo 12, página 88)
*Modificaçãoes feitas por mim, para melhor compreensão
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